A gastrite corresponde um grupo de doenças na qual a inflamação do revestimento do estômago é o sinal comum. Esta inflamação é na maioria das vezes o resultado de uma infecção promovida por uma bactéria - o Helicobacter pylori (H. pylori), embora a lesão possa também surgir pelo uso regular de certos analgésicos ou pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
A gastrite pode ocorrer subitamente (gastrite aguda) ou pode surgir lentamente, ao longo do tempo (gastrite crónica). Em alguns casos, a gastrite pode evoluir para um estado de úlcera, aumentando o risco de desenvolvimento de cancro do estômago. Para a maioria das pessoas, no entanto, a gastrite melhora com o tratamento adequado.
Os sintomas
A gastrite nem sempre se manifesta através de sintomas e sinais. Contudo, podem surgir náuseas (enjoos) ou vómitos, uma sensação de enfartamento após uma refeição ou dor ou sensação de estômago a queimar. Há alimentos que aliviam estes sintomas e outras podem agravá-los. A tolerância aos alimentos pode variar de pessoa para pessoa.
O tratamento
O tratamento de gastrite depende da causa específica.
No caso da gastrite aguda, causada pelo consumo de bebidas alcoólicas ou pelo uso excessivo de anti-inflamatórios não-esteróides, ela pode ser aliviada pela interrupção do uso dessas substâncias.
A gastrite crónica causada por uma infecção de H. pylori tem vindo a ser tratada com antibióticos, embora comecem a surgir novas evidências científicas para outro tipo de abordagem complementar, uma vez que a presença da bactéria pode promover uma atrofia crónica da mucosa do estômago e mesmo depois da sua remoção, esta mucosa merece cuidados.
Será a evidência dessa abordagem alternativa que exploraremos aqui, baseada no controlo da inflamação através de diferentes alimentos/nutrientes.
Fitoquímicos e fitonutrientes
Curcumina
Este pigmento amarelo provém do açafrão da Índia - Curcuma Longa - e possui propriedades anti-inflamatórios fortes. Estudos evidenciam que a curcumina inibe o factor nuclear induzido pelo H. pylori e outras substâncias que causam inflamação. Além dessas acções anti-inflamatórias e anti-mutagénicas, a curcumina também mostrou efeitos anti-microbianos em ratinhos infectados com H. pylori, bem como acções de reparação da lesão gástrica induzida pelo H. pylori. Mais ainda, a curcumina inibiu a proliferação e invasão de células de cancro gástrico. No seu conjunto, os resultados destes estudos sugerem que a curcumina tem potencial como um composto antimicrobiano e um agente quimio-preventivo contra a infecção por H. pylori.
Rebentos de brócolos
Alho
Há evidências crescentes de que os ácidos gordos polinsaturados n-3 ácidos (PUFA) têm atividades de anti-inflamatórias, uma vez que podem ser convertidos em em mediadores bioactivos, as chamadas resolvinas. Os PUFA têm também a capacidade de causar a lise celular em bactérias como o H. pylori, o que leva à morte celular e libertação do seu conteúdo. As doses necessárias para estes efeitos serão de tratamento mas ainda não estão determinadas, pelo que o saudável consumo de alimentos ricos em PUFA não será suficiente para os resultados desejados.
Probióticos
Os probióticos são organismos vivos que, depois de ingeridos, afectam positivamente a saúde do seu consumidor. Estão já revistos os resultados de ensaios clínicos que combinam o uso de agentes para a erradicação de H. pylori de primeira linha e de probióticos adjuvantes. Uma das grandes vantagens bem documentados do recurso a combinações probióticas é a redução dos efeitos adversos induzidos por um tratamento de erradicação de H. pylori. Uma vez que a ingestão a longo prazo de produtos que contenham as estirpes probióticas podem ter um efeito favorável sobre a infecção por H. pylori em seres humanos, em particular reduzindo o risco de distúrbios associados com elevados graus de inflamação gástrica em desenvolvimento.